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Todas as crises, sejam elas econômicas, políticas ou sociais, apresentam aspectos negativos e positivos. São os momentos de necessidade que permitem o surgimento de novas soluções e ideias inovadoras para, justamente, vencer os obstáculos.

A crise sanitária ocasionada pela pandemia do novo coronavírus não seria diferente, já que ela trouxe novas ferramentas e soluções para garantir a sobrevivência da população. E é sobre isso que conversamos no terceiro episódio do Tangerino Talks.

Vimos empresas que precisaram demitir, outras que puderam contratar e tantas outras que fecharam as portas em razão dos problemas econômicos que o Brasil e o mundo enfrentam. Porém, vimos também grandes transformações ocorrendo no universo do trabalho.

Para as pessoas que perderam seus empregos e tiveram sua renda comprometida, o Governo Federal lançou o auxílio emergencial, e vamos falar um pouco sobre ele e sobre a evolução do emprego motivada pela pandemia. Vamos lá?

Qual a diferença entre Auxílio Emergencial e Benefício Emergencial?

Evolução do emprego

Para controlar os dados econômicos gerados pela pandemia da covid-19, o Governo Federal promoveu alguns programas visando contribuir com a renda dos milhares de brasileiros que sentiram na pele os impactos da crise.

Duas saídas colocadas em prática foram o Benefício Emergencial e o Auxílio Emergencial. Veja abaixo como funciona cada programa.

O que é benefício emergencial?

De acordo com a própria Caixa Econômica Federal, o BEm, como é conhecido o Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda, é um proveito destinado aos trabalhadores que sofreram com os impactos do isolamento social em razão da pandemia.

Um banner com fundo rosa, na direita tem a imagem da planilha

Esses prejuízos englobam a redução da jornada de trabalho e dos salários e também a suspensão temporária do contrato de trabalho. 

Esse benefício, descrito na Medida Provisória 936, passou a valer em maio de 2020, e a redução de salário e jornada de trabalho só pode valer por, no máximo, 90 dias.

Contudo, a MP 936 teve seu prazo vencido e, por isso, foi convertida na Lei 14020, instituindo o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda.

O Benefício Emergencial engloba trabalhadores CLT, em jornada parcial ou intermitente, além de empregados domésticos e aprendizes. 

A solicitação do benefício não é automática, é necessário que as empresas que firmaram os acordos de suspensão ou redução informem o Ministério da Economia e o sindicato em até 10 dias.

Ou seja, a solicitação do Benefício Emergencial não é feita pelo trabalhador, mas sim pela empresa empregadora.

Que tal acompanhar o podcast na íntegra? Basta dar o play!

https://open.spotify.com/episode/08wiyBqiYTqmgVluNdUpbC?si=nbxDOV3vSDOZSWecQxh9iw

Como funciona o pagamento do BEm?

O valor do benefício, por sua vez, corresponde a parte do seguro-desemprego a que o colaborador teria direito caso fosse demitido.

De acordo com o percentual de redução, o valor pode variar entre R$ 261,25 e R$ 1.813,03. No caso de suspensão do contrato, o pagamento deve corresponder a 100% do seguro-desemprego.

No caso do trabalhador intermitente, o Benefício Emergencial é concedido automaticamente e com valor fixado em R$ 600,00.

No entanto, é sempre recomendado observar a tabela com as porcentagens de redução e os valores correspondentes:

Percentual de reduçãoPercentual de salárioPercentual do BEm
25% da jornada e salário reduzidos75% do salário25% da parcela do Benefício Emergencial
50% da jornada e salário reduzidos50% do salário50% da parcela do Benefício Emergencial
70% da jornada e salário reduzidos30% do salário70% da parcela do Benefício Emergencial

O que é Auxílio Emergencial?

O Auxílio Emergencial é um benefício do governo que visa ajudar os trabalhadores informais, microempreendedores individuais (MEI), autônomos e desempregados a enfrentarem os efeitos da pandemia. 

Ele começou a ser pago no mês de abril de 2020 e é direcionado às pessoas que têm Cadastro Único ou para quem se inscreveu no site ou no aplicativo.

Inicialmente, a proposta do programa era pagar três parcelas de R$ 600,00 ou até R$ 1.200,00 para mulheres chefes de família. 

No entanto, o número de parcelas e o valor foram alterados conforme a pandemia avançou. Atualmente, discute-se a necessidade de continuar com o auxílio, porém remodelá-lo em função dos problemas econômicos enfrentados pelo país.

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E como funciona o auxílio-desemprego?

O auxílio-desemprego, mais conhecido como seguro-desemprego, é um benefício oferecido pelo Governo Federal com o objetivo de oferecer uma assistência financeira por determinado período aos trabalhadores demitidos sem justa causa

Para solicitar o seguro-desemprego pela primeira vez, o trabalhador precisa ter recebido salários como pessoa jurídica ou física a pelo menos 12 meses nos últimos 18 meses imediatamente anteriores à data de dispensa.

Na segunda fez que entrar com o pedido, ele precisa ter trabalhado pelo menos 9 meses nos últimos 12 meses imediatamente anteriores à data de dispensa ou por cada um dos 6 meses imediatamente anteriores à data de dispensa.

Além disso, os trabalhadores que não foram contemplados com benefício previdenciário de prestação continuada, com exceção do auxílio-acidente, suplementar ou abono por permanência no serviço, também podem optar pelo recebimento do seguro-desemprego.

Para fazer a solicitação do seguro, é necessário acessar o site do Governo Federal ou o aplicativo da Carteira de Trabalho Digital, tendo em mãos o número do CPF e o documento de requerimento do seguro-desemprego.

Esse documento será fornecido para o empregado pela empresa no momento da demissão.

Ainda estamos vivendo em estado de calamidade pública?

Calamidade pública e evolução do emprego

O Decreto Legislativo nº 6 de 2020, aprovado pelo Congresso Nacional em 20 de março do mesmo ano, reconheceu o estado de calamidade pública em razão da pandemia de coronavírus.

O período de duração desse decreto foi estipulado para 31 de dezembro de 2020. Porém, com o avanço da crise sanitária, foi lançado o Projeto de Decreto Legislativo 566/20.

Esse novo texto tem por objetivo prorrogar o estado de calamidade pública por mais seis meses e, com isso, permitir que o Executivo gaste além do previsto e desobedeça às metas fiscais para custear ações de combate à pandemia.

De acordo com dados do Siga Brasil, o decreto de calamidade pública permitiu destinar, até dezembro de 2020, R$ 513,19 bilhões para gastos como: o Auxílio Emergencial (R$ 230,7 bi), o Benefício Emergencial de Manutenção do Emprego e Renda (R$ 33,48 bi) e o auxílio financeiro aos estados e municípios (R$ 63,15 bi) entre outras despesas.

Várias mudanças precisaram ser feitas na legislação durante a pandemia, ocasionando uma série de dúvidas nos empregadores e empregados. 

Para solucionar algumas delas, confira o bate-papo que realizamos:

Frente às incertezas do cenário brasileiro, do aumento de infectados pelo coronavírus e o reflexo da pandemia na economia e nas unidades de saúde dos estados e municípios, nove governadores decidiram prorrogar o estado de calamidade pública em seus estados. 

Decidiram pela prorrogação estados como Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco, Piauí, Roraima, Paraná, Rondônia, Tocantins e o Distrito Federal.

Em sua maioria, os decretos foram estendidos até o meio do ano e devem servir para que os gestores apliquem medidas que aumentem gastos sem que tenham limitações nas regras fiscais e possam realocar recursos de outras áreas na saúde.

Com isso, os governadores acabam pressionando o Governo Federal para prorrogar o decreto de calamidade por meio de uma Medida Provisória. 

O que vemos, até então, são decisões partindo dos estados e municípios sobre a prorrogação desse período.

Como se deu a evolução do emprego em razão da pandemia?

evolução do emprego em razão da pandemia

A crise sanitária que ainda enfrentamos acelerou a adoção do trabalho remoto em várias áreas do mercado, tendência essa que já era sentida por alguns segmentos.

De um jeito ou de outro, a pandemia tem ajudado a preparar os profissionais atuais para uma realidade em que será cada vez mais comum atuar no meio virtual, sem precisar ocupar os espaços físicos das empresas. 

Os gestores precisaram reorganizar os processos dos setores em pouquíssimo tempo, mudando drasticamente a forma como os colaboradores comandavam suas rotinas e atividades. 

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Vimos nascer a necessidade de modelos de trabalho mais flexíveis e até mesmo híbridos. E isso só é possível em razão da tecnologia, que nos fornece as ferramentas necessárias para executar as tarefas e colaborar com os colegas mesmo a distância.

O que o isolamento provou para as empresas?

Até mesmo os mais céticos precisam admitir que o modelo de trabalho remoto funciona. As pessoas conseguem, sim, atuar em suas casas e manter a mesma produtividade apresentada nas empresas.

E, no fim, tanto empregadores quanto empregados saem ganhando. Para os funcionários, há um aumento gigantesco em termos de flexibilidade e ganho de tempo.

Para as organizações, há profissionais mais focados, produtivos e diminuição de gastos operacionais. 

O setor de emprego formal tem mostrado uma crescente recuperação nas admissões em vista dos números vistos em abril de 2020, principalmente nos setores ligados à tecnologia.

Mesmo áreas economicamente mais afetadas, como o ramo alimentício e o comércio, puderam empregar soluções de inteligência artificial e big data para revolucionar a forma como atuam no mercado.

Qual o papel da IA na evolução do emprego?

A AI, sigla para inteligência artificial, há muito tempo deixou de ser uma promessa fictícia de filmes sci-fi. 

Evidentemente, estamos longe de criarmos robôs policiais ciborgue ultrassofisticados, como em “Robocop”, filme de 1984. 

No entanto, a tecnologia tem se mostrado eficaz para antecipar e executar tarefas com base em dados coletados pelas ferramentas.

A inteligência artificial permite a criação de assistentes virtuais que podem ser usados para aumentar a produtividade dos profissionais ao mesmo tempo em que melhora o seu bem-estar físico e mental.

Soluções desse tipo ajudam os gestores a tomarem decisões mais acertadas, com base em dados sólidos e verídicos, eliminando a necessidade de grandes equipes de gerenciamento e diminuindo a incidência de erros.

Evolução do emprego no pós-pandemia

Evolução do emprego no pós-pandemia

Já falamos bastante sobre como a chegada da covid-19 impulsionou uma verdadeira evolução do emprego e da forma como as pessoas executam suas funções.

Por conta disso, os especialistas da área têm analisado quais serão as profissões mais atuantes e as habilidades exigidas dos profissionais no pós-pandemia.

Serviços de aplicativos

Com o aumento do desemprego gerado pela pandemia, muitas pessoas foram obrigadas a migrar para novas modalidades de trabalho, transformando-se em motoristas de aplicativos e entregadores em serviços de delivery.

Vamos imaginar que uma pandemia semelhante ocorre há alguns anos, trazendo os mesmos prejuízos econômicos para a população. Sem a possibilidade de trabalhos informais como vemos hoje, a crise seria muito maior.

Ter os serviços de aplicativos como uma fonte alternativa de renda trouxe um resguardo para as pessoas, principalmente quando as oportunidades CLT se mostram cada vez mais escassas.

No entanto, essas soluções não têm regulamentação da Justiça do Trabalho. Consequentemente, os profissionais não possuem aparato legal para recorrer em caso de problemas trabalhistas.

Mão de obra terceirizada

Embora a terceirização da mão de obra seja bem anterior à Reforma Trabalhista, muitas pessoas têm dúvidas sobre o que configura um trabalho terceirizado e qual a diferença para o emprego convencional.

Quando há vínculo empregatício, o profissional precisa atender a determinados requisitos, como habitualidade, presença etc. 

O trabalhador terceirizado pode ser contratado para uma eventualidade, por exemplo, ou para situações corriqueiras, sem que seja necessário estabelecer um vínculo empregatício com essa pessoa.

Contudo, o ponto-chave para entender essa diferenciação pode ser a questão da subordinação. 

No modelo de emprego convencional, o empregador é quem decide a jornada de trabalho, a remuneração, a escala, as tarefas a serem realizadas etc. 

No caso da terceirização, não há essa subordinação direta ao empregador, já que o profissional está prestando um serviço.

Profissões que estão se reinventando

Com o avanço tecnológico, é natural que algumas profissões desapareçam ou sejam substituídas por ferramentas digitais.

Vemos isso muito claramente na forma como interagimos com os mais diversos tipos de aplicativos que oferecem serviços como compras, delivery, consultas, vendas etc.

Na indústria, muitos profissionais responsáveis por separar materiais e abastecer as máquinas estão sendo substituídos por robôs programados para fazer isso com a mesma habilidade técnica.

Vendedores do comércio varejista também terão uma crescente diminuição, principalmente pela difusão em massa do e-commerce.

Atendentes de telemarketing precisarão reinventar a forma como atuam diante do emprego cada vez maior de chatbots. 

Hoje, a telemedicina tem ganhado espaço e mostrando que é possível aliar os recursos digitais à forma tradicional de diagnosticar e atender os pacientes.

Os especialistas em governança, segurança de dados cibernéticos, cloud computing, data science, desenvolvedores, entre outros, estão conquistando muito espaço e vêm ampliando o emprego do big data em diversos ramos da sociedade.

Ou seja, todas as funções relacionadas a automação, inteligência artificial e até meio ambiente – com uma gama ampla que vai desde especialistas em energias renováveis até profissionais que trabalham com resíduos e impacto ambiental – devem ser bastante requisitadas pelo mercado. 

Profissões que sumiram com a evolução do emprego

Em contrapartida, há algumas profissões que já estão caindo no esquecimento pela população mais antiga — com a evolução do emprego, talvez os mais jovens nem saibam do que se tratam muitas delas.

O datilógrafo, profissional que redigia textos em máquina de escrever, perdeu espaço quando os computadores passaram a ser comercializados massivamente. 

Nos cinemas, o lanterninha, profissional que, usando uma lanterna, direcionava o público às poltronas depois que o filme começava, foi substituído pela lanterna dos smartphones.

Telefonistas e despertadores — sim, bater nas janelas para acordar as pessoas já foi uma profissão — também sumiram com o avanço tecnológico.

Isso sem contar os alfaiates, relojoeiros e ascensoristas, que não foram propriamente substituídos, mas que estão perdendo cada vez mais espaço nos tempos atuais.

Temos alguns materiais que podem complementar a sua leitura:
? Aprenda a vencer os desafios da gestão com tecnologia
? Descubra como manter a segurança de dados durante o home office
? Recrutamento inteligente: como os algoritmos podem ajudar no processo seletivo?

Conclusão

Tudo isso acontece porque a evolução do emprego veio com diversas tecnologias que proporcionaram a criação de sistemas especializados em executar essas tarefas.

Daqui a alguns anos não teremos tantos atendentes, porque os totens de autoatendimento estarão espalhados pelas cidades.

Profissões consagradas, como de contador e advogado, podem desaparecer, porque hoje vemos softwares completos e ultramodernos que conseguem executar as mesmas tarefas com semelhante maestria.

A grande questão levantada ao longo da nossa discussão diz respeito às diferentes formas que os profissionais têm de se reinventar para superar as crises e manter seus empregos.

E essa é uma preocupação pertinente também para empregadores e gestores de RH, já que a evolução do emprego traz mudanças significativas para as empresas.

Pensando nisso, confira como um planejamento educacional corporativo pode ajudar!

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