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Sua empresa está pronta para acolher a importância das lutas sociais e se mobilizar a favor do movimento negro? Neste post, nosso objetivo é ajudar você a entender por que este deve ser um ponto de atenção.

Existe um longo caminho pela frente até que o debate em torno de questões raciais se torne desnecessário e a sociedade tenta se engajar cada vez mais em favor da equidade. Como consequência, demanda que empresas se abram à diversidade e se posicionem ativamente para combater o racismo.

Por essa razão, gestores e diversos setores de uma organização, inclusive o de Recursos Humanos (RH), precisam se inteirar sobre as lutas raciais. Siga em frente com a leitura para saber mais!

O que é o movimento negro, afinal?

Movimento Negro

O termo “movimento negro” é usado para fazer referência a uma série de movimentos que lutam pela igualdade racial e de direitos entre negros e brancos ou entre negros e não-brancos.

Para que você comece a se aprofundar neste assunto, vamos fazer alguns recortes da história do movimento, tentando sempre relacionar a luta racial ao mercado de trabalho. Assim, pouco a pouco, você vai entender melhor como gestores e profissionais de RH podem se envolver com a busca da igualdade de direitos.

A história do movimento no Brasil

Por aqui, o movimento ganhou forças com a redemocratização do país, mas a verdade é que as lutas raciais existem há mais tempo. Os movimentos sociais de afro-brasileiros surgiram de forma clandestina ainda no período escravagista.

Àquela época, nomes como o de Zumbi dos Palmares e Dandara, também líder de Palmares e companheira de Zumbi, se tornaram referência na luta a favor do povo negro.

Mais adiante na história, entre as décadas de 1870 e 1880, o Movimento Liberal Abolicionista se formou e ganhou forças no país para pressionar o Império pelo fim da escravidão no Brasil.

Ainda em 1878, o decreto n° 7.031-A criou cursos noturnos de instrução primária acessível apenas a homens com mais de 14 e que fossem “livres ou libertos”. Algo que automaticamente excluia os negros.

Como você deve saber, em 13 de maio 1888, a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea ― lei nº 3.353 ― que declarou extinta a escravidão no Brasil, declarando livres todos os escravos existentes no país.

Caso você se interesse por saber mais sobre essa etapa da luta do movimento negro, recomendamos a leitura da matéria da BBC que conta a história de seis brasileiros cuja atuação foi determinante para essa conquista.

Libertação e desigualdade

Acontece que, ainda que negros fossem legalmente livres, o Brasil não investiu em uma política que ajudasse os recém-libertos terem condições de começaram a construir suas vidas. Tampouco se esforçou para criar uma sociedade igualitária.

Havia a intenção da criação de políticas para destinar terras a ex-escravos, mas isso nunca ocorreu. Algo que contribuiu para manter as discrepâncias entre negros e brancos na sociedade brasileira.

Com isso, negros recém-libertos não tinham educação legal (existiam algumas escolas clandestinas) e nem moradia própria. Algo que forçadamente os mantinha em condições precárias, à mercê de quem tinha mais poder na sociedade, os brancos.

Em suma, ainda que livres aos olhos da lei ― vale lembrar que situações análogas à da escravidão são denunciadas até os dias de hoje ― negros seguiram sem igualdade de tratamento e de direitos em relação aos brancos.

O fortalecimento do movimento negro

A história do movimento negro é longa e ainda seguirá sendo escrita. Para não prolongarmos muito neste post, vamos fazer um salto histórico.

Gradativamente, associações de pessoas negras começaram a se formar em diferentes campos: literatura, imprensa, carnaval e etc. Parte dessas associações, inclusive, deram origem a um partido negro que acabou sendo extinto no Estado Novo.

Foi só depois desse regime instaurado por Getúlio Vargas, que teve fim em 31 de janeiro de 1946, que os agrupamentos negros começaram a se fortalecer. Mas ainda foi preciso buscar inspirações para que o desejo por mudanças ganhasse forma e movimentos.

A inspiração veio dos Estados Unidos graças ao movimento negro norte-americano da década de 1960 e da luta africana contra a segregação racial e libertação de colônias. Nomes como Rosa Parks, Martin Luther King, Nelson Mandela ganharam o mundo e seguem, até os dias de hoje, como referência das lutas raciais.

A partir da década de 1970, o movimento negro brasileiro se firmou na luta pela equidade tendo o acesso à educação como uma de suas principais pautas. Não destacamos a questão da educação por acaso porque é ela que vamos usar como fio condutor para o debate acerca de qualificação, mercado de trabalho e sua relação com a luta antirracista.

Com relação a isso, trazendo todo esse contexto histórico para uma realidade mais recente, observe quanto tempo se passou para que algumas conquistas se concretizassem:

  • 2003: inclusão do Dia da Consciência Negra no calendário escolar para levar a discussão da história, cultura e lutas do povo negro às escolas da rede pública de ensino;
  • 2011: oficialização do Dia da Consciência Negra (20 de novembro) pela lei n° 12.519;
  • 2012: criação de Lei de Cotas ― lei n° 12.711 ― para viabilizar o ingresso de pessoas negras em cursos do Ensino Superior no país;
  • 2013: criação da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR);
  • 2019: negros se tornam maioria em universidades públicas pela primeira vez, sete anos após a criação da Lei de Cotas.

Atente-se especialmente aos fatos relacionados à educação para tentar compreender como a inclusão do negro no universo acadêmico é tardia e refletir sobre os impactos que isso tem na formação de profissionais, na sua inclusão no mercado e na ascensão na carreira. Voltaremos a isso adiante.

O que é o “Vidas Negras Importam”?

Antes, para que a conversa sobre o movimento negro não se perca somente dentro do espectro educacional e profissional, precisamos mencionar o Vidas Negras Importam ou, do original em inglês, Black Lives Matters.

O movimento teve início em 2014, nos Estados Unidos, após a morte de Eric Garner: homem negro, morto em decorrência do uso de violência extrema por um policial branco que persistiu em um “mata-leão” mesmo após ouvir Garner dizer que não podia respirar ou “I can’t breath”.

A história é parecida com a de George Floyd e não se tratam de casos isolados. Nos Estados Unidos, como no Brasil, operações e ações policiais vêm sendo questionadas pelo uso desproporcional de força e por evidências de racismo.

É por essa razão ― e por outras formas de violência, preconceito e discriminação que a população negra sofre ― que o movimento negro nascido nos Estados Unidos é recriado no Brasil e em outros países, recebendo ondas de apoio pelo mundo.

Em maio de 2020, George Floyd, outro homem negro foi morto por um policial branco nos Estados Unidos. Derek Chauvin ― cuja fiança foi estabelecida em cerca de R$ 6,1 milhões ― também ignorou os gritos de “eu não consigo respirar” de Floyd e até os alertas daqueles que filmavam a cena para poder denunciar o abuso.

O fato fez com que, mesmo durante a pandemia do novo coronavírus, o movimento negro ressurgisse nos Estados Unidos e no mundo para lembrar que vidas negras importam e cobrar o fim da violência policial.

Caso você queira se aprofundar no entendimento da violência policial e a luta antirracista, fica desde já uma dica de podcast:

‘Black lives matters’ no Brasil

Se você acompanha o noticiário, sabe que os dias seguidos de manifestações nos Estados Unidos inspiraram ações em diferentes países, inclusive no Brasil.

Engana-se porém, quem pensa que os brasileiros se manifestaram somente em razão de George Floyd. Dados de 2019 dão conta de que:

  •  75% das vítimas de homicídio em nosso país são negras;
  • Negros têm 2,7 mais chances de serem assassinados do que brancos;
  • A população negra soma 78% dos mortos em ações policiais só no Rio de Janeiro.

Também em maio de 2020, o menino João Pedro, de 14 anos, foi morto em uma operação realizada no Complexo do Salgueiro contribuiu para aquecer mais o debate e as ações do movimento Vidas Negras Importam no Brasil.

A morte de Miguel e o racismo estrutural

A morte do menino Miguel, de apenas cinco anos, aconteceu em situação diferente, mas ainda no contexto do movimento Vidas Negras Importam.

Como você verá, é um caso que nos leva de volta ao gancho sobre educação, mercado de trabalho e antirracismo. E para que você possa entender isso, precisamos passar brevemente pelo caso.

Deixado sob os cuidados da empregadora enquanto a mãe e empregada doméstica Mirtes cumpria afazeres fora do apartamento onde trabalhava, o menino Miguel, de apenas cinco anos, caiu do nono andar e morreu.

Agora, vamos destrinchar essa notícia de forma que você consiga entender a importância da luta racial em suas várias esferas.

A empregadora é Sarí Gaspar Côrte Real. Uma mulher branca, de classe alta e esposa do prefeito Tamandaré (PE). Durante o isolamento, manteve em atividade não apenas a empregada Mirtes Renata de Souza, mas também uma manicure que a atendia quando Miguel morreu.

Mirtes, a empregada doméstica, é uma mulher negra e de classe baixa. Precisou trabalhar para manter seus rendimentos durante o isolamento, mas não tinha com quem deixar seu filho.

Sarí se descuidou de Miguel e optou por deixar o menino sozinho em um elevador. Confuso, o menino desceu no 9º andar, sem grades de proteção.

Tentando encontrar a mãe, Miguel teria escalado uma janela, acessado uma área em que ficam aparelhos de refrigeração e, subido em uma grade. Sem ter noção do perigo, acabou despencando de uma altura de 35 metros.

Após a morte da criança, demorou um tempo até que o nome de Sarí fosse divulgado na imprensa. A empregadora foi presa em flagrante por homicídio culposo (aquele em que não há intenção de matar), mas obteve liberdade provisória após pagar fiança de R$ 20 mil.

Algumas das palavras de Mirtes, mulher negra e de baixa renda, foram:

Se fosse eu, meu rosto estaria estampado, como já vi vários casos na televisão. Meu nome estaria estampado e meu rosto estaria em todas as mídias. Mas o dela não pode estar na mídia, não pode ser divulgado”.

“Espero que a Justiça seja feita, porque se fosse o contrário, eu acredito que nem teria direito a fiança“.

As palavras de Mirtes não foram sem motivo e nem têm como pano de fundo apenas a emoção. Uma das questões que o movimento negro tenta trazer ao conhecimento de todos é a do racismo estrutural que é, justamente, o que vai nos levar diretamente a você ― quer você pertença à gestão de uma empresa ou ao seu RH.

O que o racismo estrutural nos revela

Para abordar o racismo estrutural e entender como esse problema envolve a sua empresa, vamos seguir analisando o caso do menino Miguel e a algumas explicações compartilhadas pelo projeto Ecoa, do portal Uol.

Racismo estrutural é o termo usado para reforçar o fato de que há sociedades estruturadas com base na discriminação que privilegia algumas raças em detrimento das outras. No Brasil, nos outros países americanos e nos europeus, essa distinção favorece os brancos e desfavorece negros e indígenas”.

Como você deve saber, o racismo é considerado um crime inafiançável e imprescritível, com pena de reclusão de até cinco anos, segundo a lei n° 7.716, de 1989. Por si só, porém, a lei não resolve o problema do racismo, já que muitas pessoas ainda têm condutas discriminatórias, e menos ainda do racismo estrutural.

Voltemos ao caso do menino Miguel, destacando alguns pontos:

  • A estrutura social que permitiu Sarí, mulher branca, a ascender à ou a se manter na classe alta e privilegiada é a mesma que mantém Mirtes, mulher negra, em situação mais difícil;
  • Uma mulher como Sarí, ao precisar sair para trabalhar, tem a opção de deixar os filhos em uma creche ou escola, com os avós ou até mesmo com uma empregada doméstica. Já uma mulher como Mirtes, por vezes, não tem recursos para deixar seus filhos sob os cuidados de alguém em vez de levá-los ao trabalho;
  • No cenário de uma pandemia que demanda o isolamento social para poupar vidas, uma mulher como Sarí tem mais chances e condições de permanecer em casa, em segurança. Já uma mulher como Mirtes, tem mais chances de precisar se expor ao risco para, grosso modo, colocar comida na mesa de casa.

Consegue visualizar a estrutura social que coloca as Sarís em cenários mais positivos do que as Mirtes? A questão central é que não deveria e não precisa ser assim. Mulheres brancas ― e pessoas brancas, em geral ― não devem ser privilegiadas em detrimento de mulheres ou pessoas negras.

A falta de acesso à educação e a outras oportunidades, inclusive no mercado de trabalho, que poderiam levar à ascensão social das Mirtes do país não acontece porque ainda seguimos ideias e práticas que mantém o privilégio nas mãos dos brancos.

Com tudo isso, entenda ainda que a luta do movimento negro não é para que os brancos passem a ser oprimidos, é simplesmente por igualdade de direitos e equidade.

Como a gestão e o RH podem agir em apoio às lutas raciais

Antes de falarmos da ação dos gestores e dos profissionais de Recursos Humanos na luta antirracista, vamos recapitular o que vimos até aqui para que a ligação entre o movimento negro e a sua empresa fique ainda mais evidente.

Como aconteceu em outros lugares do mundo, a população negra que chegou ao Brasil foi escravizada. Naquele contexto, as lutas por liberdade e igualdade de direitos começaram, mas levou décadas e décadas até que o movimento negro realmente ganhasse força, algo que aconteceu depois da abolição.

Uma vez libertos, os negros no Brasil não contaram com políticas inclusivas que tentassem lhes dar o mínimo necessário para criar condições equânimes em relação aos brancos. Essa falha na reestruturação da nossa sociedade tem efeitos até hoje, contexto em que o racismo estrutural se mantém.

Além do acesso à educação de qualidade, negros precisam ter acesso a bons empregos e oportunidades de crescer em suas carreiras. O movimento negro busca pela diversidade racial tanto nas equipes, quanto nos cargos de liderança. Já começou a entender onde sua empresa entra?

Dados sobre negros no mercado de trabalho

No dia a dia, uma empresa pode aproveitar datas como o já mencionado Dia da Consciência Negra para se posicionar publicamente contra o racismo. Acontece, porém, que só essa publicidade não basta e, na verdade, é uma estratégia mal vista.

Em 2017, a Coca-Cola foi criticada por postar uma foto de seu “Comitê de Diversidade” em que só apareciam homens brancos. A falta de negros, mulheres e de outras minorias foi amplamente questionada nas redes e a empresa teve que se posicionar para tentar contornar a situação.

Assim, não adianta apenas falar. Empresas precisam agir com o aval e apoio da gestão e o empenho do RH para ter um quadro de funcionários diverso e que oportunize o crescimento também dos negros.

Note que a diversidade também inclui mulheres, pessoas com deficiência (PDCs), membros da comunidade LGTBQ+ e outros profissionais não-brancos. Neste post, porém, temos o movimento negro e, portanto, os negros como foco.

Com isso em mente, vamos a algumas informações e dados relevantes para que sua empresa entenda cada vez mais a importância das lutas raciais:

  • Negros são 55,8% da população brasileira e 54,9% da força de trabalho;
  • Para 46% da população negra, é preciso que haja uma abertura maior para sua entrada nas empresas;
  • Em 2018, a população negra foi maioria entre os trabalhadores desocupados (64,2%) ou subutilizados (66,1%) do país;
  • Também em 2018, a população negra foi maioria entre os trabalhadores informais, 47,3% versus 34,6% da população branca;
  • Os negros representam 75,2% da população com menores ganhos;
  • Um homem negro ganha 56% do salário de um homem branco;
  • Uma mulher negra ganha 44% do salário de um homem branco;
  • Negros são minoria em cargos gerenciais, apenas 29,9%. Em contrapartida, essa população ocupa a maior parte dos postos de menor remuneração, 45,3%;
  • A população branca recebe 45% mais que a renda média da população negra mesmo com o mesmo nível de formação.

A inclusão da população negra em sua empresa

Se, a essa altura, você conseguiu entender a importância do movimento negro e do combate ao racismo estrutural, já deve saber que sua empresa deve criar oportunidades para negros.

Para falar disso, recorremos às palavras de Ednalva Moura, coordenadora da ONG Ser+ que tem por objetivo o desenvolvimento do potencial de jovens em situação de vulnerabilidade social:

“Normalmente, o negro mora na periferia, estudou em escola pública e, se falamos em ensino superior, está em uma universidade mediana”.

“Geralmente, eles [recrutadores] olham para o negro considerando uma visão muito simplista e, algumas vezes, subalterna. Isso está muito ligado ao racismo estrutural”.

“Outro desafio é a questão do deslocamento. Normalmente, o negro mora na periferia e muitas empresas não querem pagar o auxílio-transporte necessário para que ele consiga acessar oportunidades”.

“Em uma concorrência interna entre negros e brancos, até quando o negro tem todas as competências necessárias, muitas vezes, os patrões dizem que ele não está apto para a vaga”.

Com tudo isso, uma das principais formas de viabilizar a entrada de pessoas negras em uma empresa é colocar a diversidade em pauta para que o racismo estrutural deixe de influenciar a realidade desde o processo de recrutamento e seleção.

Entretanto, não basta recrutar negros para sua equipe. É preciso promover um importante alinhamento para que a luta racial faça parte do dia a dia da empresa e seja abraçada também pelos funcionários brancos.

Em seu cotidiano, os negros em sua empresa precisam ser respeitados, ouvidos e tratados de forma equânime com relação aos brancos. Vale lembrar do racismo estrutural para ter em mente que é preciso atenção constante para garantir que um ambiente seja não apenas diverso, mas acolhedor.

Dicas de filmes, séries e livros para entender essa luta

Notou que destacamos que a população negra na sua empresa precisa ser ouvida? Isso também vale para o contexto geral da sociedade e é um dos pedidos que o movimento negro faz a todos: ouvir, estudar e buscar informações a respeito das lutas raciais.

O conhecimento é fundamental para que qualquer empresa ― e qualquer indivíduo ― aprenda dia após dia a como se posicionar para reduzir as desigualdades e combater o racismo estrutural.

Para ajudar você com isso, separamos algumas dicas de entrevistas, livros, filmes e séries.

As ideias e reflexões apresentadas podem orientar os posicionamentos e ações de sua empresa. Além disso, os conteúdos podem ser usados para pautar rodas de conversa programadas pelo RH com os funcionários.

Entrevistas

1. Jurema Werneck: ‘Boa parte da população negra não tem acesso a saneamento e água. Comprar alcool gel nem pensar’

Movimento Negro: Jurema Werneck
Fonte: O Globo

Diretora da Anistia Internacional no Brasil, Jurema é ativista em defesa dos direitos das mulheres negras. Nesta entrevista, aborda a sua trajetória e aponta reflexões sobre como o racismo estrutural exclui os negros até mesmo de direitos básicos.

2. Thelma, campeã do BBB 20: ‘As pessoas me elegeram para representar um basta à discriminação’

Fonte: O Globo

Thelma Regina, mais conhecida como Thelminha, foi a grande vencedora do Big Brother Brasil 20 ― uma edição que aqueceu, sobretudo nas redes sociais, discussões sobre machismo, racismo e outros preconceitos e abusos. Vitoriosa pela vontade de uma maioria que votou para dar o prêmio máximo a uma mulher negra, nesta entrevista ela reflete sobre o que tudo isso significa.

3. Lázaro Ramos e Raull Santiago: uma conversa entre o ator e o ativista do Coletivo Papo Reto, formado por jovens dos Complexos do Alemão e da Penha

Nesta conversa, que originalmente ocorreu em forma de live, Lázaro e Raull refletem sobre as condições enfrentadas pela população negra durante a pandemia do novo coronavírus no Brasil e outras questões que escancaram a desigualdade e os impactos da falta de recursos.

Confira a entrevista na íntegra:

Livros

1. Pequeno manual antirracista, da escritora Djamila Ribeiro

“Dez lições breves para entender as origens do racismo e como combatê-lo”.

A filósofa e ativista Djamila Ribeiro aborda temas como racismo, negritude, branquitude, violência racial, cultura e afetos em dez breves capítulos. Em cada um deles, apresenta caminhos para aqueles que desejam se aprofundar no entendimento das discriminações racistas estruturais e assumir responsabilidade por mudanças.

2. O ódio que você semeia, da escritora Angie Tomas (também virou filme)

Trata-se de uma obra fictícia, mas como “choques de realidade”. O livro conta a história de Starr, jovem negra que desde cedo aprendeu com os pais a como se comportar na presença de policiais para evitar abordagens e violência. Tudo que Starr espera é que o amigo Khalil também conheça as regras, mas o jovem acaba morto em uma ação e o luto e indignação da jovem nos apresentam reflexões claras sobre o racismo estrutural.

3. Racismo, sexismo e desigualdade no Brasil, da escritora Sueli Carneiro

Entre 2001 e 2010, a ativista negra Sueli Carneiro produziu inúmeros artigos publicados pela imprensa, sendo Racismo, sexismo e desigualdade no Brasil uma reunião dos melhores textos. Por meio deles, a autora convida a uma reflexão e explica como o racismo e o sexismo têm estruturado relações sociais, políticas e de gênero.

Filmes

1. American Son (Netflix)

O filme aborda o desaparecimento do jovem negro, Jamal, e a luta de seus pais, um casal interracial, para enfrentar os preconceitos de raça, gênero e classe que permeiam os procedimentos padrão de busca policial. Uma boa obra para tratar do racismo nas abordagens e na estrutura de nossa sociedade.

2. Selma, uma luta pela igualdade (Youtube)

O filme é uma biografia do pastor protestante e ativista negro Martin Luther King Jr. O foco são as marchas históricas realizadas por ele e outros integrantes do movimento negro, em 1965, entre a cidades de Selma e Montgomery, capital do Alabama.

3. A 13ª Emenda (Netflix)

https://www.youtube.com/watch?v=h4uGff8OScM

O documentário aborda as consequências da 13ª emenda na constituição norte-americana, que levou ao aumento da população carcerária, sobretudo da população carcerária negra. Ainda que a realidade seja de outro país, é fácil traçar um paralelo para entender como o racismo ― seja ele estrutural ou não ― também impacta essa realidade no contexto brasileiro.

Séries

1. Self Made (Netflix)

Esta série retrata a vida de Madame CJ Walker, a primeira afro-americana a se tornar milionária por conta própria, no final do século XIX. Não se trata de uma obra que existe para provar que “quem quer corre atrás”, mas para mostrar os percalços brutais que existem no caminho dos negros que buscam qualquer tipo de reconhecimento, sobretudo das mulheres.

2. Olhos que Condenam (Netflix)

A série retrata o famoso caso real dos “Cinco do Central Park”. Em 1989, cinco jovens negros foram acusados de estuprar uma mulher no Central Park e sofreram todo tipo de retaliação por isso. Sua absolvição só veio em 2002 e a indenização em 2014 e a obra escancara o racismo em torno da ideia que a sociedade faz de sobre o perfil de criminosos.

Recapitulando

Para fechar este post sobre o movimento negro e o papel da sua empresa na luta contra o racismo, vamos recapitular o que você leu aqui:

  • O movimento negro existe desde que a população negra começou a lutar por sua liberdade nos tempos da escravidão;
  • A abolição da escravidão não acabou com o movimento negro porque políticas de igualdade não foram criadas;
  • As diferenças existentes entre negros e não-negros persistem até os dias de hoje e configuram o que chamamos de racismo estrutural;
  • O acesso à educação de qualidade foi (e segue sendo) uma das principais lutas do movimento negro;
  • A necessidade de abertura para a participação do negro no mercado de trabalho é uma das principais queixas dessa população;
  • Empresas precisam combater o racismo estrutural desde os processos de seleção até o dia a dia para criar oportunidades para a valorização e crescimento profissional da população negra;
  • Um dos melhores caminhos para entender como se posicionar e agir é buscar conhecimento e há uma série de conteúdos disponíveis para auxiliar nessa missão.

Além de levantar a voz contra a violência policial e racial, o movimento negro busca a igualdade de direitos e a equidade. Casos como o do menino Miguel são apenas um dos recortes que podem ser feitos para indicar a importância dessa luta.

Como vimos, nem tudo é violência física. A falta de oportunidades e a discriminação no trabalho são exemplos de um racismo estrutural que só pode ser combatido com a ajuda de gestores e do RH das empresas.

A forma que sua empresa lida com causas sociais impacta a sua imagem também para o público interno. Confira dicas de como colocar o employer branding em prática!

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