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A realização de uma entrevista de desligamento é uma prática bastante comum do RH, mas nem todas utilizam os dados coletados nesse momento de forma estratégica. 

Assim, é preciso ir além e realizar uma análise demissional completa e aprofundada, para que sejam tomadas ações eficientes para a redução do turnover.

Neste artigo, vamos explicar o que é a análise demissional e quais são os benefícios que ela proporciona para o RH e para a empresa de uma forma geral. 

Além disso, também mostraremos como elaborar e aplicar um processo de análise mais eficiente, que gere insumos para a criação de planos de ação mais estratégicos. Boa leitura!

O que é análise demissional?

Análise demissional

Trata-se de uma avaliação criteriosa das informações relatadas pelos profissionais no momento de sua demissão. 

Para tanto, ela tem início com a aplicação de uma entrevista de desligamento ou uma pesquisa de desligamento, que devem ser aplicadas com cautela e livre de qualquer tipo de pressão.

Assim como existem várias providências a serem tomadas pelo RH no onboarding dos colaboradores, a análise demissional é um dos processos que compõem o offboarding

Planilhas de RH e DP

Nesse sentido, ela deve ser realizada com base em três elementos principais para ser bem-sucedida:

  • entrevista ou pesquisa de desligamento bem estruturada;
  • análise dos dados coletados de forma aprofundada;
  • criação de planos de ação baseados nas informações obtidas. 

Temos muitos conteúdos interessantes sobre o assunto, veja:
Política de admissão e demissão: como criar a sua?
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Quais os benefícios de fazer a análise demissional?

Ainda existem pessoas que acreditam que, uma vez que o profissional está deixando a organização, a sua contribuição é finalizada. 

Na verdade, ocorre que, quando uma pessoa está saindo de uma empresa, ela se sente mais à vontade para apontar falhas e pontos de melhoria, sem temer qualquer tipo de retaliação. 

Por isso, as informações coletas são bastante valiosas e geram uma série de benefícios, como veremos abaixo.

1. Efetividade e suporte para as ações do RH

O setor de RH tem inúmeras responsabilidades diante dos colaboradores, desde antes da sua entrada na empresa até o final de seu processo de desligamento

O ideal é que todas essas etapas sejam cumpridas de forma eficiente e satisfatória para ambos os lados, mas, para que isso aconteça, é preciso entender melhor os pormenores envolvidos.

Com base nos dados coletados na análise demissional, é possível identificar quais são os pontos da relação entre os profissionais e a empresa que mais geram atritos

Desse modo, o RH consegue elaborar ações mais bem direcionadas e, consequentemente, mais efetivas na promoção de melhorias.

2. Antecipação e prevenção de gastos desnecessários

O processo de demissão de um colaborador gera custos consideráveis, principalmente em cargos de níveis mais altos ou para pessoas com muitos anos na empresa. De acordo com o Sólides Report, com base nas informações de mais de 2.300 empresas de todo o país, 2020 foi um ano bastante desafiador em relação à rotatividade.

A pandemia gerou desafios totalmente inesperados, e as organizações se viram diante de um cenário inédito e caótico. 

Aquelas que contavam com um processo mais estruturado e um software de gestão especializado conseguiram se antecipar na gestão das demissões necessárias, escolhendo melhor quem deveria ficar e como minimizar os impactos financeiros da crise.

3. Informações para análises de necessidades de treinamento

A elaboração de um plano de treinamento eficiente passa pela identificação precisa das reais necessidades da empresa e dos colaboradores. 

Assim, de acordo com as informações coletadas na análise demissional, o RH é capaz de encontrar pontos de deficiência a serem tratados para evitar novos episódios de demissão.

Nesse sentido, é bastante comum descobrir problemas no clima organizacional ou na relação entre os líderes e seus liderados que podem ser resolvidos por meio de treinamentos direcionados, que envolvam ambas as partes. 

Saber quais são as raízes de cada conflito ajuda a atacar o foco principal do problema e evita que ele cresça e saia do controle.

4. Maior efetividade no controle do turnover

O controle do turnover é uma das principais dores de cabeça do RH atual. A saída de pessoas da empresa gera custos, além de provocar defasagem nos times. 

Ainda, nem sempre é possível repor uma vaga de forma ágil, por isso o melhor é evitar que ela seja desocupada.

Com a ajuda da análise demissional, fica mais fácil identificar as principais motivações das demissões e encontrar formas de eliminar o problema.

O tipo de demissão também pode dizer muito sobre questões mais graves. Se houver um aumento na quantidade de demissões voluntárias, por exemplo, é sinal de que algo está tão ruim na empresa que está levando as pessoas a desejarem sair. 

Por outro lado, se houver um aumento nas demissões involuntárias, é preciso investigar a eficiência das contratações e a compatibilidade entre alguns gestores e a cultura organizacional.

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5. Diminuição da curva de aprendizado dos sucessores

O desenvolvimento dos gestores é um dos fatores-chave para o desenvolvimento da empresa como um todo. 

Quando se perde um profissional, é fundamental entender o que levou essa situação a acontecer, seja em demissões voluntárias ou involuntárias.

Por meio da análise demissional, os gestores conseguem visualizar de forma mais clara e objetiva quais são os elementos que culminam em uma demissão. 

Isso os ajuda a compreender melhor quais são as características essenciais para o bom desempenho do seu time para que os profissionais sejam desenvolvidos adequadamente e também para que as novas contratações sejam mais efetivas.

6. Melhoria do clima organizacional

De uma forma geral, todas as questões que citamos até aqui acabam impactando diretamente o clima organizacional. Inclusive, ele pode ser um dos motivadores das demissões. 

Logo, é importante ter uma atenção especial a esse quesito, pois afeta a todos os colaboradores simultaneamente e, quanto mais tempo ele estiver ruim, mais difícil é reverter a situação.

Adotar uma rotina periódica de aplicação de pesquisa de clima ajuda a evitar que a empresa chegue a um ponto tão crítico. Nesse sentido, a análise demissional pode atuar como uma forte aliada. 

Nela, os fatores relacionados a pequenos times ou pessoas em particular ficam mais fáceis de serem identificados e a tratativa se torna mais especializada.

Como fazer uma boa análise demissional?

Como fazer análise demissional

A análise demissional proporciona diversos benefícios, mas para conseguir alcançá-los é preciso tomar alguns cuidados em sua estruturação e aplicação. Veja as dicas que listamos a seguir.

Faça as perguntas certas na entrevista de desligamento

A entrevista de desligamento é o ponto inicial da análise demissional, por isso, é essencial que ela seja realizada com qualidade. 

Assim, a escolha das perguntas que serão realizadas, bem como a forma como elas são apresentadas pode influenciar bastante nos resultados obtidos.

O primeiro passo é definir quais são as informações que precisam ser analisadas pelo RH em relação ao tempo de convivência de cada colaborador até o momento de sua saída. 

O ideal é que se ofereça tanto opções fechadas, que facilitem a análise em massa das entrevistas posteriormente, quanto opções abertas, que permitam que o profissional se expresse livremente e ofereça insights valiosos para o time de RH.

Aplique uma pesquisa demissional

Outra ferramenta de coleta de informações no momento da demissão é a pesquisa demissional. 

Apesar de ser semelhante à entrevista de desligamento, na pesquisa é possível aprofundar um pouco mais na investigação das informações. 

Por ser algo que o profissional realiza sem a presença da pessoa de RH, acaba se tornando um momento mais aberto e sincero, sem qualquer tipo de constrangimento envolvido.

Nesse sentido, é fundamental coletar o feedback do colaborador acerca de diferentes assuntos e pontos de avaliação, por exemplo, sobre como era a relação com o gestor imediato, se havia coerência entre o discurso da empresa e as decisões tomadas e até mesmo como era a percepção dessa pessoa em relação ao clima entre os colaboradores.

Considere a trajetória da pessoa na empresa

Outro ponto de atenção é que quando uma pessoa sai da empresa, seja por meio de um pedido de demissão, seja por iniciativa da organização, existe uma trajetória a ser considerada na análise demissional.

Uma demissão não acontece da noite para o dia e é importante se atentar para os sinais que ela vinha dando para que eles sirvam de alerta para gestores e RH sobre possíveis novos casos.

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Analise repetições e encontre tendências

Além da análise de cada caso, o RH deve realizar uma análise do conjunto de demissões ocorridas, a fim de encontrar padrões que se repetem e que despertem a atenção. 

Nesse contexto, são essas repetições que indicam uma tendência a algo que deve ser avaliado mais de perto e corrigido o quanto antes. 

Ainda, isso evita o agravamento de problemas que podem afetar a cultura organizacional, o clima e até mesmo o desempenho dos colaboradores.

Como vimos, a análise demissional é uma ferramenta muito valiosa para um setor de RH que atua de forma estratégica na empresa. 

Ainda, sua realização proporciona uma fonte bastante rica de informações que podem ajudar no controle do turnover, no melhor direcionamento das ações de treinamento e desenvolvimento e na melhoria do clima organizacional. 

Se você gostou do artigo e quer saber mais sobre o controle de rotatividade nas empresas, confira o e-book: Saiba como diminuir a rotatividade da sua empresa com a Sólides.

Este artigo foi escrito pela Sólides, plataforma completa de gestão de talentos com people analytics e gestão comportamental.

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