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Um momento de crise instaurada ou iminente, assim como uma situação de aquisição ou fusão de empresas, está atrelado à necessidade de uma virada de estratégia em uma organização. Esse processo se chama turnaround

Em termos práticos, ele indica um esforço planejado de dar a volta por cima, comum sobretudo, quando a situação financeira da empresa não vai bem e uma mudança real precisa ser feita.

Esse movimento pode salvar uma empresa e ajudá-la a alcançar patamares mais elevados em seu mercado. É algo que tem interesse e envolvimento direto da alta gestão, mas que também depende de outros setores, como o RH.

Isso porque o turnaround, mesmo quando necessário, representa um desafio que pode provocar desgastes que afetam o capital humano da organização

É aí que a gestão de pessoas entra. Continue a leitura e saiba mais!

O que é turnaround?

O turnaround pode ser entendido como uma estratégia de reestruturação e retomada para que a empresa melhore de forma significativa sua performance especialmente diante de uma crise.

Isso significa que falamos de uma medida administrativa, mas é fundamental ressaltar que o turnaround tem impacto nas mais diferentes frentes de uma organização.

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Para o processo, a missão, a visão e os valores da empresa precisam ser revistos, bem como seu planejamento estratégico e até os serviços ou produtos ofertados.

Tudo isso com o objetivo de buscar novas soluções, otimizar processos e elevar o potencial de crescimento da organização. Algo que envolve o operacional, o jurídico e o RH, por exemplo.

Quando saber que a empresa precisa de turnaround?

Entender o que é turnaround também tem a ver com entender quando uma empresa pode precisar adotar essa estratégia.

Passar por esse processo é um desafio e, talvez por essa razão, muitas empresas adiam a realização do turnaround até o último instante, o que aumenta as chances de fracasso.

Fusões e aquisições à parte ― situações que nem sempre demandam reestruturações ou mudanças profundas ―, o turnaround deve ser realizado antes que a situação se torne verdadeiramente crítica.

No decorrer de 2020, 690 mil empresas decretaram falência no país. É certo que foi um ano de desafios extras e que os casos tiveram um aumento de 13,4% em relação ao ano anterior.

Entretanto, isso não muda o fato de que organizações erram ao buscar o turnaround somente no estágio de pré-falência, quando a recuperação judicial está em curso.

Nessas circunstâncias, conseguir fazer com que esse esforço planejado para a volta por cima seja bem-sucedido é algo mais difícil.

A reestruturação precisa ser buscada antes que o custo se torne elevado demais. O que isso quer dizer? Temos alguns pontos a destacar, leia:

  • a situação de pré-falência causa prejuízo à imagem da organização e isso pode aumentar o nível de dificuldade para o sucesso de um plano de retomada;
  • o turnaround tende a ser desgastante. Se buscado apenas quando a situação praticamente não se sustenta mais, pode impor desafios que vão demandar mais tempo, dinheiro e investimento em capital humano.

Assim, não há como apontar que a estratégia deve ser adotada exatamente quando o balanço financeiro indicar um valor X negativo, como se houvesse uma regra.

Porém, há como alertar que o ideal é que o turnaround não seja tão somente um ato de desespero, inclusive porque é um processo que precisa ser muito bem planejado.

Um dos problemas de uma equipe desgastada pode ser o turnover. Quer saber mais? Assista a esse vídeo do Me Explica Aí!

Como saber se sua empresa precisa do turnaround?

É preciso ter clareza de que cada caso é único. Apesar disso, existem indícios de que um processo de turnaround pode ser necessário. Confira:

Fatores internos:

  • insucesso do planejamento financeiro;
  • perda de credibilidade no mercado;
  • dificuldade de relacionamento com os clientes (e outros stakeholders);
  • receitas insuficientes;
  • endividamento elevado;
  • perda de vantagem competitiva;
  • falta de uma liderança adequada e eficaz;
  • ausência de estratégias de endomarketing;
  • má gestão dos recursos humanos;
  • falta de eficiência nos processos;
  • falha em projetos estratégicos;
  • produtos ou serviços ultrapassados.

Se vários ou todos esses problemas estão presentes e sua empresa não consegue resolvê-los, é provável que a situação seja favorável à aplicação do turnaround.

Fatores externos:

  • momento de crise econômica;
  • crises sanitárias;
  • ações governamentais;
  • desastres naturais;
  • concorrência de outras empresas/negócios de grande porte.

Tenha em mente que fatores internos e externos não devem ser analisados de forma isolada.

Por exemplo, uma crise econômica certamente dificulta tudo, mas pode ser que sua empresa esteja internamente forte e preparada para lidar com a situação.

Quais etapas do turnaround?

Em média, um processo de turnaround leva cerca de dois anos para surtir efeitos significativos. Entretanto, o tempo pode variar, inclusive porque não há um padrão que define como tudo será.

Por ter possibilidades diferentes, o turnaround pode carecer do auxílio de uma consultoria externa para acontecer. 

Algo que contribui para que a empresa conte com uma visão mais ampla e talvez “fora da caixa” para solucionar seu problema.

Quer a organização conte ou não com uma equipe terceirizada, existem algumas etapas que costumam fazer parte do processo. Acompanhe:

Mapeamento

Primeiramente, um mapeamento aprofundado deve ser feito para identificar os principais problemas da empresa.

Essa é uma análise que deve considerar todos os setores da organização, inclusive aqueles que parecem ou de fato estejam funcionando bem.

Como exemplo, devem ser avaliadas as demonstrações financeiras, folhas de pagamento, carteira de clientes, processos de compras e gestão, entre outros. Ainda, os fatores externos também precisam ser pensados.

A ideia é realizar um diagnóstico que sirva como ponto de partida ou como base para a etapa seguinte do turnaround: o desenho da reestruturação.

Reestruturação

Para planejar a reestruturação proposta pelo turnaround é preciso fazer uma série de análises e chegar a uma série de definições que, mais adiante, vão tirar a ideia do papel. Veja alguns pontos:

Definir o objetivo

Certamente, não é possível resolver todos os problemas da organização de uma só vez. Assim é preciso eleger prioridades e se guiar por elas, usando-as como uma bússola para que o processo não se complique;

Identificar pontos fracos e fortes

A identificação dos pontos fracos ajuda a entender a origem de alguns problemas e, consequentemente, a pensar soluções.

Por sua vez, encontrar os pontos fortes é estratégia para usá-los a favor da própria empresa na busca pelo seu objetivo principal no processo de turnaround.

Existem diferentes formas de fazer essa análise, sendo a análise de SWOT uma escolha bastante comum;

Encontrar pontos que podem ser resolvidos facilmente

O foco no grande objetivo principal é fundamental. Mas isso não significa que a empresa precise deixar de observar pequenos problemas que podem ser resolvidos com facilidade.

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Esses pequenos ajustes, além de contribuírem para o resultado, também podem favorecer o processo, reduzindo o desgaste do quadro de funcionários, por exemplo. Algo que interessa de maneira especial ao RH;

Redefinir a estratégia

Por vezes, a recuperação financeira e de presença de mercado buscada por meio do turnaround demanda uma mudança estratégia de foco nos negócios.

Para você entender isso melhor, usaremos como exemplo dois fatores que mencionamos anteriormente, um interno e um externo: pense em um cenário com produtos ultrapassados e uma concorrência muito forte no mercado.

Nesse cenário, a mudança de foco pode ser a melhor solução para salvar a empresa e elevar seu potencial;

Redesenhar a estrutura

Ainda, pode ser preciso repensar a estrutura organizacional para torná-la mais efetiva. Isso significa, entre outras coisas, avaliar o tipo ideal de liderança e ter as pessoas certas nos “lugares” certos dentro da empresa.

Veja alguns artigos em nosso blog sobre liderança.
Tipos de liderança: em quais você se encaixa?
Liderança situacional: os detalhes desse modelo de gestão
Liderança autocrática e liderança democrática: qual delas adotar?

Um processo de recrutamento interno pode fazer parte das escolhas da organização para garantir o melhor aproveitamento do capital humano, ganhando eficiência ao longo dessa retomada;

Desenvolver a cultura organizacional

Um processo de turnaround precisa de uma cultura que apoie a flexibilidade e a abertura para mudanças, assim como a inovação.

Não há como se reestruturar sem que haja essa abertura por parte das pessoas que compõem a empresa da alta gestão à prestação de serviços. 

A cultura organizacional deve ser um pilar a facilitar que as mudanças necessárias aconteçam.

Comunicação

Depois do mapeamento e do desenho da reestruturação, a empresa precisa comunicar às partes interessadas que um processo de turnaround entrará em curso.

A ideia não é simplesmente comunicar, mas explicar e engajar de forma a conquistar apoio interno, de clientes e investidores

Em outras palavras, é preciso “vender” a mudança e contar com pessoas dispostas a contribuir.

Implementação

Por fim, chega o momento da implementação do turnaround que, cabe ressaltar mais uma vez, costuma ser acompanhado por uma consultoria externa.

O objetivo é garantir o sucesso de cada estratégia e a conquista do objetivo principal, definido ainda na primeira etapa destacada.

Turnaround no RH

Há ainda uma etapa que não mencionamos antes e que precisa fazer parte de todo processo: o cuidado com as pessoas. Para abordar essa questão, começamos com duas informações muito importantes:

  1. Um dos ‘custos’ que uma transformação tem é a sensação de insegurança entre os funcionários, sobretudo se a mudança vem em decorrência de uma crise que coloca empregos em risco;
  2. Para que o turnaround dê certo, a confiança e o engajamento dos trabalhadores é vital.

Sendo assim, o RH tem um papel fundamental na criação de estratégias para motivar os trabalhadores ao longo do processo e para disseminar a cultura organizacional adequada.

Com isso em mente, existem três fatores que são bem-vindos na atuação do RH de uma empresa que precisa passar pelo turnaround. Veja a seguir: 

Comunicação

Comunicar às partes que o turnaround acontecerá é uma das etapas do próprio processo, conforme apontamos. É preciso destacar que essa comunicação precisa ser bastante clara com os trabalhadores.

Gestores e funcionários precisam entender o porquê dessa mudança tão significativa. Isso porque é natural do ser humano se conectar melhor com aquilo que é capaz de entender.

Os profissionais de uma empresa só vão entender o turnaround e seu objetivo principal se forem apresentados à realidade para que se aproximem dela.

Transparência

O RH também precisa favorecer a transparência que, aliás, é um fator que caminha lado a lado com a comunicação.

Não cabe esconder que o turnaround é uma medida tomada em razão da necessidade urgente de mudança e que há desafios envolvidos.

É inadequado que os funcionários só descubram a gravidade da situação ao ver colegas sendo demitidos ― caso a empresa passe por isso ― ou ao encontrar no noticiário uma matéria sobre a falência da própria empresa.

Quanto a isso, ainda vale ressaltar que o RH pode ajudar na reorganização da estrutura interna de modo a evitar, na medida do possível, uma insegurança constante pelo risco de demissão.

Vale lembrar que essa insegurança pode afetar a produtividade e o clima organizacional, e que o clima de incerteza pode aumentar o turnover e causar a fuga de talentos.

Apoio

Para finalizar, é preciso destacar a necessidade do apoio constante para que o processo se sustente

Entre outras medidas, uma abertura ao diálogo deve ser dada para que os trabalhadores apresentem seus feedbacks, questionamentos e receios.

Isso é importante para minimizar a sensação de insegurança e para manter o engajamento das pessoas ao longo do processo.

Veja também esses outros artigos:
Como Reduzir Custos Fixos na Empresa em Ano de Crise?
Veja como sobreviver à crise sem demitir os colaboradores
Gestão de Crise: Veja Como Contornar os Problemas na Sua Empresa

Conclusão

Compreender o que é turnaround é saber que esse processo administrativo muda objetivos e até estratégia de negócios e depende essencialmente das pessoas também.

A ideia de “dar a volta por cima” se popularizou no meio da administração nas décadas de 70 e 80, apresentando a proposta de uma revisão crítica dos pontos fracos de um negócio, assim como de seus objetivos.

Com isso, buscam-se muitas transformações que envolvem os produtos, serviços e processos. 

Mas, para uma retomada baseada em um crescimento sustentável,  uma boa gestão de pessoas se torna a base de sustentação.

É por essa razão que, para além da alta gestão e da consultoria que pode ser contratada, o RH é peça-chave para que a empresa consiga encarar o turnaround com sucesso.

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