Para que um novo colaborador consiga se estabelecer na empresa, os primeiros três meses são fundamentais. No entanto, nem todo mundo consegue se adaptar, e certas situações podem levar à demissão no período de experiência.
O contrato de experiência serve para que o empregador possa avaliar o desempenho do novo funcionário e conhecer melhor seu trabalho antes de fazer uma contratação definitiva. O que muitos não sabem é que qualquer uma das partes pode optar pelo desligamento durante esse período.
Neste post, vamos esclarecer quais são os direitos do trabalhador em casos de demissão no período de experiência e como proceder com o desligamento. Acompanhe e esclareça as suas dúvidas!
- O que é contrato de experiência?
- A lei permite demitir no período de experiência?
- Quais são os tipos de demissão no período de experiência?
- Quais os principais motivos da demissão no período de experiência?
- Quais os direitos no contrato de experiência?
- Qual é o prazo para os pagamentos das verbas rescisórias no período de experiência?
- O empregado demitido na experiência precisa fazer exame demissional?
- Perguntas e respostas sobre demissão no período de experiência
- Tudo certo sobre demissão no período de experiência?
- Próximos passos…
O que é contrato de experiência?
Contrato de experiência é uma modalidade do contrato de trabalho por prazo determinado, cuja finalidade é a de permitir que a empresa verifique se o empregado tem aptidão para exercer a função para a qual foi contratado.
Da mesma forma, o empregado, durante a vigência do contrato de experiência, verificará se a empresa e as atividades desenvolvidas o agradam, bem como as condições de trabalho a que está submetido.
Segundo o artigo 445 da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), o empregador pode determinar um período de experiência de 45 dias, prorrogável por mais 45 dias, totalizando 90 dias. Contudo, vale reforçar que não existe uma regra sobre a duração desse período, ou seja, o empregador não é obrigado a fazer um contrato de 90 dias. Ele pode ser:
- um contrato de experiência de 30 dias, que pode ser prorrogado por mais 60 dias;
- um contrato de experiência de 45 dias, que pode ser prorrogado por mais 45 dias.
A regra deve se pautar no período de tempo necessário para que o colaborador recém-contratado consiga se adaptar à empresa e vice-versa. Mas é fundamental que o empregador alinhe esse prazo com o empregado e registre por escrito no contrato.
Após o término do período, caso nenhuma das partes demonstre insatisfação, inaptidão ou desinteresse em seguir com o contrato, a continuidade é estabelecida automaticamente por tempo indeterminado.
Ainda, o contrato de experiência deve ser anotado na parte do “Contrato de Trabalho”, na carteira de trabalho digital ou física, bem como nas folhas de “Anotações Gerais”.
Acima de tudo, é importante saber que o colaborador em período de experiência pode ter o seu contrato rescindido antes do fim dos 90 dias. É sobre isso que vamos discutir nos tópicos seguintes.
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A lei permite demitir no período de experiência?
O empregador pode, sim, demitir durante o período de experiência. Ou seja, o colaborador pode ser desligado antes do término dos 90 dias. Porém, o Departamento Pessoal deve ter atenção a qual tipo de rescisão deve aplicar, pois, dependendo da escolha, a empresa poderá arcar com uma indenização.
Segundo o artigo 479 da CLT, caso o empregador desligue o funcionário antes do fim dos 45 dias, este terá direito à metade de todos os valores a que teria direito até o término do contrato de experiência. Portanto, essa seria uma forma de indenizá-lo pela dispensa.
Desse modo, caso a demissão no período de experiência seja por iniciativa do empregador, o colaborador tem direito:
- verbas rescisórias;
- salário-família, se for o caso;
- férias proporcionais (um tipo de férias indenizadas) mais o ⅓ constitucional;
- décimo terceiro proporcional;
- saque do FGTS;
- multa rescisória de 40%;
- liberação das guias para o seguro-desemprego.
Quais são os tipos de demissão no período de experiência?
A demissão no período de experiência pode ocorrer de várias formas e por diversos motivos. É por essa razão que empregador e empregado devem estar atentos aos seus direitos durante esse processo.
Veja abaixo quais são as situações em que ocorre a demissão no período de experiência e como proceder em cada um dos casos.
Demissão sem justa causa
Quando a empresa opta pela demissão sem justa causa no período de experiência, ela precisa pagar ao trabalhador:
- o valor do décimo terceiro proporcional ao tempo trabalhado;
- 40% de multa sobre o FGTS;
- férias proporcionais somadas a ⅓ e ainda uma indenização.
A indenização é no valor da metade do salário que esse trabalhador receberia caso trabalhasse até o fim do período de experiência.
Em alguns casos, o processo de admissão com contrato de experiência contém uma cláusula determinando que tanto a empresa quanto o funcionário podem encerrar o acordo a qualquer momento.
Diante disso, o empregado precisa ser avisado com 30 dias de antecedência sobre sua demissão no período de experiência.
Lembramos que mulheres que engravidaram durante o período de experiência e pessoas que sofreram acidentes de trabalho não podem ser demitidas. Além da licença-maternidade e o auxílio-doença, esses trabalhadores têm garantia de estabilidade.
Nesses casos, a empresa deve esperar até o fim do período determinado em contrato para comunicar a dispensa.
Confira também estes materiais e amplie seus conhecimentos sobre o assunto:
- Da admissão à demissão de colaboradores: como otimizar processos e evitar erros
- Principais documentos do DP
- Como engajar colaboradores para diminuir as taxas de absenteísmo e turnover?
- [Ebook] Passo a passo Rotinas fim de ano
Demissão com justa causa
Quando o desligamento no período de experiência decorre de uma demissão por justa causa, o trabalhador não recebe férias e décimo terceiro.
Ele tem direito apenas ao salário dos dias que trabalhou. O valor referente ao FGTS é pago, mas o empregado não pode sacar.
Mesmo quando há justa causa, não é permitido demitir quem sofreu um acidente de trabalho ou engravidou durante o período de experiência, assim como ocorre em casos de demissão sem justa causa.
Pedido de demissão no período de experiência
Por fim, também é possível que o pedido de desligamento parta do próprio colaborador. Um pedido de demissão na experiência normalmente é inesperado, mas a empresa precisa estar preparada caso isso ocorra.
Há direitos no pedido de demissão, mas também deveres por parte do empregado: a empresa pode cobrar uma indenização, referente aos custos com os processos de admissão e demissão.
Não é necessário dar um aviso-prévio e o funcionário recebe o valor proporcional aos dias trabalhados.
Ele tem direito ao décimo terceiro proporcional e às férias proporcionais somadas a ⅓, mas não recebe os 40% do FGTS, ao contrário do que ocorre quando é demitido.
Quais os principais motivos da demissão no período de experiência?
Os motivos que levam à demissão no período de experiência são vários — seja por parte do colaborador ou do empregador. No entanto, o setor de Recursos Humanos das empresas precisa estar atento a eles, para otimizar os processos internos e alinhar as expectativas já com os candidatos às vagas.
Veja, a seguir, quais são os motivos mais recorrentes para que um funcionário se demita ou seja demitido durante o período de experiência
Falta de fit cultural
Fit cultural é a capacidade que um profissional tem de se alinhar à cultura da empresa, à sua missão, visão e valores. Caso não haja compatibilidade entre as partes, as consequências podem ser vistas na falta de produtividade do colaborador e do time como um todo.
A falta de compatibilidade com a empresa é um motivo recorrente para demissões. Afinal, por que o colaborador permaneceria em uma empresa onde não se sente acolhido e representado?
Durante a jornada do candidato no processo seletivo, já é possível identificar se o candidato tem fit com a empresa ou não. Durante a etapa de entrevista cultural, é importante enviar o código de cultura (culture code) para que o candidato conheça e identifique os pontos de convergência e divergência.
Encontrar incompatibilidades evita que a etapa de seleção seja falha, evita retrabalho, frustrações e aumento na taxa de turnover.
Inadequação ao ambiente
Além da incompatibilidade com o fit cultural, outros motivos podem levar à falta de adaptação ao ambiente da empresa, como insatisfação com a localização, com a gestão de benefícios e até mesmo motivos pessoais da vida do colaborador.
Essa falta de adaptação pode ser relacionada, por exemplo, à falta de acessibilidade para pessoas com deficiência, ou à falta de promoção da diversidade. Da mesma forma, pode se referir à dificuldade para chegar ao trabalho devido à localização erma.
Diferentemente da falta de fit cultural, não é possível determinar previamente se uma pessoa vai ou não se adaptar à empresa. Contudo, as empresas podem tentar evitar esse problema com algumas medidas. Algumas delas são:
- pesquisa de clima organizacional: ajuda o RH e a empresa a terem conhecimento dos sentimentos e opiniões de seus colaboradores sobre o local de trabalho;
- alinhamento durante o recrutamento e seleção: permite que os candidatos avaliem a localização, os benefícios, os horários e tudo relacionado à vaga previamente, evitando surpresas posteriores;
- políticas de acessibilidade: rampas, guias e elevadores evitam que PCDs (pessoas com deficiência) sintam qualquer desconforto.
Iniciativas voltadas para fit cultural, onboarding de funcionários e compreensão do clima organizacional incentivam o fortalecimento do employer branding, e podem ser úteis até mesmo na recontratação de talentos!
Saiba mais sobre esse tema ouvindo o episódio a seguir do Tangerino Talks!
Comportamentos inapropriados
Algumas posturas do colaborador também podem servir como motivo para que haja demissão ainda no período de experiência. As principais são descritas abaixo, confira:
- mentir, roubar, furtar ou falsificar algum documento;
- falar obscenidades ou consumir pornografia no ambiente de trabalho;
- ser imoral;
- desviar clientes;
- agir com desleixo ou negligência;
- trabalhar embriagado;
- divulgar informações sigilosas da empresa;
- desrespeitar colegas e superiores, agir com indisciplina ou com violência;
- abandonar o emprego.
Quais os direitos no contrato de experiência?
Independentemente do tipo de contrato, é crucial que a empresa tenha atenção aos direitos do trabalhador e respeite-os para evitar processos trabalhistas ou desgastes durante a demissão no período de experiência.
Os direitos no contrato de experiência são:
- salário;
- salário-família (caso seja aplicável);
- comissões e gratificações;
- vale-transporte;
- horas extras;
- recolhimento de INSS;
- FGTS;
- adicional noturno;
- adicional de insalubridade e periculosidade (se aplicável).
Qual é o prazo para os pagamentos das verbas rescisórias no período de experiência?
Independentemente de quem aciona a demissão, o pagamento das verbas rescisórias deve ser feito em até dez dias úteis, a partir da data do término do contrato.
Caso esse prazo não seja cumprido, a empresa deverá pagar multa que pode chegar ao valor do salário do funcionário.
O empregado demitido na experiência precisa fazer exame demissional?
O exame admissional é obrigatório, até para quem está em contrato de experiência. Entretanto, a lei não exige o exame demissional para quem trabalhou por menos de 90 dias.
Seja em uma contratação definitiva ou no contrato com prazo determinado, é importante deixar as regras bem claras, prevenindo problemas futuros.
Perguntas e respostas sobre demissão no período de experiência
Agora que você já entende o que é contrato de experiência, de que forma deve ser conduzida uma demissão no período de experiência e quais são os direitos e deveres das partes envolvidas, talvez algumas dúvidas tenham pairado sobre a sua cabeça.
Confira, abaixo, algumas perguntas e respostas mais comuns para sanar todas as suas dúvidas.
O que o funcionário recebe se for demitido no período de experiência?
Caso a empresa opte pelo desligamento antes do término do período de experiência, são devidas as seguintes verbas rescisórias:
- saldo de salário;
- 13º salário proporcional ao tempo de trabalho;
- férias + 1/3 proporcional ao tempo trabalhado;
- levantamento do FGTS;
- multa de 40% do saldo do FGTS;
- indenização equivalente à metade da remuneração que teria direito até o fim do contrato (art. 479 da CLT).
De quanto é a multa por quebra de contrato de experiência?
Caso isso ocorra, a parte que quebrou o contrato deverá indenizar a parte prejudicada com valor correspondente a 50% da remuneração calculada sobre os dias que restam para a finalização do contrato.
Agora, caso a empresa tenha quebrado o contrato, além dessa multa, ela também terá que pagar o saque do FGTS e a multa rescisória de 40% sobre o saldo do FGTS.
Por essa razão, é extremamente importante que, no momento de firmar o contrato, as partes assinem a possibilidade de uma rescisão antecipada. Com isso, a parte que quebrar o contrato só deverá pagar o aviso-prévio em vez da multa de 50%.
A empresa pode mandar embora antes dos 45 dias?
Sim! Como já mencionamos, se a rescisão do contrato for antecipada e sem justa causa por parte do empregador, o trabalhador fará jus à metade da remuneração que teria direito até o final do contrato.
Se a rescisão for por iniciativa do empregado antes do término de 45 dias, este deverá indenizar o empregador. Ainda há a possibilidade de uma cláusula que assegure o direito recíproco de rescisão, como já dissemos.
Quem está em período de experiência precisa cumprir o aviso-prévio?
Não. Como o contrato de experiência é um contrato por período determinado, a demissão após o seu término não ocasiona aviso-prévio.
Ou seja, caso o funcionário peça a rescisão do contrato antes ou no momento em que ele terminar, não há a necessidade do aviso-prévio. O mesmo vale no caso em que a empresa decidir encerrar a relação empregatícia no final do contrato.
Porém, caso a contratante opte por dar fim ao contrato sem justa causa e antes de seu término, além de ser obrigada a pagar uma série de direitos, essa situação exige o aviso-prévio. Isso caso haja uma cláusula dizendo que as duas partes podem encerrar o acordo no momento em que quiserem.
O que o funcionário recebe se pedir demissão no período de experiência?
Ele recebe o valor proporcional aos dias trabalhados, tem direito ao décimo terceiro proporcional e às férias proporcionais somadas à ⅓, mas não recebe os 40% do FGTS, ao contrário do que ocorre quando é demitido.
Além disso, como já dissemos, não é necessário dar um aviso-prévio para a empresa.
Saiba mais sobre os direitos do trabalhador ao ser demitido conferindo o vídeo a seguir da série Rh em Pauta!
O que fazer após o final do período de experiência?
Quando há interesse de ambas as partes (empresa e colaborador) em continuar com o vínculo empregatício, o contrato de trabalho por tempo indeterminado passa a valer automaticamente.
No entanto, para fins de proteção, é fundamental que a empresa dê a devida baixa no contrato, elabore e firme um novo contrato de trabalho por tempo indeterminado com o colaborador, se atentando aos direitos e deveres que tanto a empresa como o empregado terão.
Caso não haja interesse em prosseguir com o vínculo empregatício por ambas ou apenas uma das partes, haverá necessidade de fazer a rescisão do contrato, seguindo os passos que indicamos neste conteúdo.
Tudo certo sobre demissão no período de experiência?
Relembre os tópicos abordados nesse conteúdo!
É um contrato de trabalho com prazo determinado, que permite à empresa verificar se o empregado tem aptidão para a função, assim como ao empregado verificar se a empresa e as atividades desenvolvidas o agradam.
Sim, o colaborador pode ser desligado da empresa antes do término dos 90 dias de experiência. O tipo de rescisão aplicada pode gerar custos para os envolvidos.
• Demissão sem justa causa;
• demissão com justa causa;
• pedido de demissão.
• Falta de fit cultural;
• inadequação ao ambiente;
• comportamentos inapropriados.
• Salário;
• salário-família (caso seja aplicável);
• comissões e gratificações;
• vale-transporte;
• horas extras;
• recolhimento de INSS;
• FGTS;
• adicional noturno;
• adicional de insalubridade e periculosidade (se aplicável).
Se a demissão for por escolha da empresa, o pagamento é no próximo dia útil. Se partir do trabalhador, a empresa tem 10 dias úteis para fazer o pagamento.
Próximos passos…
Ao optar pela demissão no período de experiência, é de bom-tom sempre dar um feedback para o trabalhador, de forma que consiga melhorar seus pontos negativos em outras oportunidades de emprego.
Agora que você já sabe como proceder com a demissão no período de experiência, saiba tudo o que não te contaram sobre admissão de funcionários!
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