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O mundo seria bem melhor se, após demitir um funcionário, fosse possível ajudá-lo a se recolocar no mercado de trabalho, não é mesmo? 

A boa notícia é que isso é possível por meio do processo de outplacement.

Neste artigo, trataremos sobre o que é o processo de outplacement e quais os principais benefícios que ele representa tanto para a empresa quanto para o próprio funcionário.

Quer entender o que é outplacement e como ele pode beneficiar a sua empresa? Basta continuar lendo este texto!

Navegue pelos seguintes tópicos e aproveite ao máximo a leitura:

O que é o outplacement

O que é o outplacement

Quem disse que o momento da demissão precisa ser traumático ou mesmo despertar inimizades que perdurarão por toda a vida?

O outplacement é um processo desenhado justamente para conduzir com o máximo de dignidade e respeito o momento da rescisão do contrato de trabalho.

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Voltando para o assunto principal, o outplacement é, em poucas palavras, um programa de recolocação profissional para funcionários que foram demitidos.

É uma espécie de mentoria que auxilia esse indivíduo a encontrar um novo emprego. 

Além disso, ajuda a entender melhor a factibilidade das suas expectativas profissionais para aquele certo momento.

Essa ideia chegou ao Brasil importada dos países considerados desenvolvidos na época a fim de tornar o processo de demissão mais amigável.

Claro, um dos grandes incentivos para essa prática difundir-se dessa forma são os inúmeros benefícios que ela traz para as empresas. Discutiremos esse aspecto do programa de outplacement mais à frente.

Agora, nos aprofundaremos mais no conceito. 

Mas, antes, salve estes conteúdos para complementar sua leitura:
? Planejamento orçamentário: a importância em sua empresa
? Fit cultural: por que se atentar no momento do recrutamento e seleção
? Capacitação interna: investindo em sua equipe
? Demissão humanizada: como transformar esse processo?
? Qual a importância da comunicação clara para as empresas?

Como surgiu o termo outplacement

Aqui o terreno fica um pouco incerto, já que diversos autores divergem a respeito da origem da prática.

Contudo, Alan J. Pickman, em seu livro O Guia Completo para o Aconselhamento de Outplacement, coloca uma luz no assunto.

Segundo o autor, a prática surgiu da Humble Oil, uma empresa do ramo do petróleo que, ao demitir parte do seu corpo de executivos, contratou uma assessoria para fornecer assistência profissional e recolocá-los no mercado.

Mesmo que não tenha sido realmente o primeiro projeto de outplacement, certamente foi um dos pioneiros, e essa história é corroborada em outros textos acadêmicos.

Esses profissionais tiveram que enfrentar diversos estigmas impostos pela classe trabalhadora, sendo um deles o de “apagadores de incêndio”.

Apesar dessa aparência, o processo de outplacement vem sendo refinado através dos anos.

Hoje, trata-se um planejamento que acontece antes mesmo de o funcionário receber o aviso-prévio e só acaba quando ele alcança os próprios objetivos profissionais.

Diferença entre outplacement e recolocação profissional

Uma palavra que pode ser utilizada para diferenciar outplacement de recolocação profissional é apoio.

A recolocação profissional é uma assessoria contratada pelo próprio indivíduo

A equipe designada normalmente atua orientando-o e procurando vagas que melhor se encaixam ao perfil dele.

Na realocação, é comum fazer treinamentos para entrevista, adequar o currículo e o Linkedin para os objetivos profissionais do interessado, oferecer dicas de comportamento etc.

O processo de outplacement, por outro lado, visa dar um apoio muito maior, que vai desde as questões técnicas até o âmbito emocional — afinal de contas, nunca é fácil ser demitido de um emprego.

Não somente, esse é um serviço completamente desenvolvido ou contratado pela empresa que desligou o funcionário. Em outras palavras: os custos do outplacement são da empresa que demite.

Essa é uma técnica muito mais humana, e podemos sim dizer que a realocação profissional está contida dentro do processo de outplacement.

Dessa forma, vemos que ele é um método muito mais completo sobre a forma como devemos lidar com essa situação delicada, oferecendo uma abordagem muito mais empática.

Diferença entre outplacement e recolocação profissional

Agora que você já entendeu a diferença entre esses termos, não vale confundir os dois, já que é muito fácil notar que são conceitos bem distintos entre si.

Afinal, quais os benefícios do outplacement para a empresa

Quais os benefícios do outplacement para a empresa

Bem, você já entende o que é o outplacement e o seu objetivo de existir. Também o diferenciamos de recolocação profissional a fim de evitar confusões com conceitos.

Agora, vamos falar o porquê de essa forma de lidar com demissões ter se popularizado tanto e quais benefícios ela traz para as empresas. Acompanhe!

Trabalha uma boa imagem corporativa

Responsabilidade social é algo que clientes e futuros funcionários estarão avaliando de perto em sua empresa.

Os clientes o fazem devido ao desenvolvimento da internet e o surgimento de novos hábitos de consumo. Por conta disso, eles não querem consumir ou ser associados a marcas que não respeitam seus funcionários.

Além disso, os talentos disponíveis no mercado também procurarão pelas empresas que ofereçam mais vantagens, e um bom programa de outplacement é um ótimo diferencial.

Diminui os processos trabalhistas

Como já afirmamos diversas vezes neste texto, o processo de demissão não é nada agradável e animosidades podem surgir.

Por meio de uma orientação adequada, o funcionário vai compreender as motivações por trás do seu desligamento e, com um programa de realocação, a vontade de garantir seus os direitos dando início a uma ação judicial pode ser menor.

Melhora o clima organizacional

Nesse ponto, podemos inferir que demonstrar uma verdadeira preocupação com o futuro do profissional pode melhorar em anos luz o relacionamento dele com a empresa.

A consequência mais imediata é uma melhora no clima organizacional que, por si só, também trará diversos outros benefícios para a empresa.

Reafirma a cultura organizacional

É muito bonito encontrar documentos empresariais que falam como os seus funcionários são a verdadeira alma da empresa.

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Contudo, escrever é muito mais fácil que fazer essas palavras valerem no dia a dia. Dessa forma, implementar programas que realmente demonstram uma gestão focada nas pessoas impacta positivamente a cultura organizacional.

Em um cenário ideal, por sentirem-se valorizados, o processo de demissão sequer tem impacto na motivação e na competência. 

Afinal, existe um programa para cuidar do ex-funcionário que não se encaixou perfeitamente na empresa.

A importância do outplacement para os funcionários demitidos

A importância do outplacement para os funcionários demitidos

Logo após a pandemia da covid-19 veio uma série de demissões, fazendo com que o Brasil batesse recorde de desemprego com 13,1 milhões de pessoas sem carteira assinada, representando uma taxa de 13,8%.

Ser jogado de mãos abanando nesse cenário não é o desejo de vida de ninguém, muito pelo contrário, pode tirar qualquer pessoa do próprio eixo.

Sendo assim, oferecer melhores condições para enfrentar essa ou qualquer outra situação no mercado de trabalho é um diferencial imensurável e uma forma de valorizar o ex-funcionário.

Oferece apoio emocional e aconselhamento

Ser demitido não é uma experiência legal, não vai para o feed do Instagram das pessoas. Normalmente é um processo visto de forma bastante negativa.

É justamente nesse cenário “de desespero” que o outplacement oferece uma alternativa muito mais esperançosa para que o ex-funcionário seja realocado de forma a continuar os seus objetivos profissionais.

Sendo assim, os impactos da demissão são bastante minimizados, já que a empresa vai prover com o acompanhamento profissional e emocional, tratando-o como um ser humano não substituível.

Alguns dos principais apoios que a empresa pode oferecer nesse momento através do programa são:

  • auxílio psicológico para que a demissão não afete a autoestima e a autoconfiança;
  • assessoria para recolocação profissional;
  • suporte para não estimular o desenvolvimento de sentimentos negativos;
  • oferecer cursos de aprimoramento profissional.

Como funciona o processo de outplacement

Como funciona o processo de outplacement

Muito falamos sobre os conceitos e os benefícios que cercam o outplacement. Agora, chegou a hora de entender como ele funciona.

Normalmente o processo é dividido em três etapas — como você vai ver abaixo. Contudo, não está limitado a isso, somente acreditamos que essa é uma das maneiras mais eficientes de responder a questão “como executar da melhor forma o outplacement?”.

1. O planejamento

O processo começa antes mesmo da entrega da carta de demissão. A empresa contrata um especialista ou uma empresa do ramo e começa o estudo do perfil do colaborador.

Aqui o profissional atua avaliando os motivos pelos quais o desligamento ocorrerá, transformando em argumentos que possam ser utilizados como feedback, não como acusações

Dessa forma, o RH tem um papel importante no planejamento da demissão do indivíduo, levando em conta também fatores relacionados às condições socioeconômicas que ele está inserido.

Uma dica que pode ajudar a planejar a demissão de forma mais humana é considerar a época do ano para realizar a rescisão do contrato. Evitar aniversários e datas comemorativas são bons preceitos.

2. O anúncio

Com tudo planejado até o último detalhe, basta agora anunciar para o funcionário e arrancar o curativo de uma vez.

Nesse momento, o gestor faz o anúncio formal do desligamento, como ocorrerá, as datas relevantes e apresenta o programa de outplacement.

Aqui é importante oferecer um documento informando todos os direitos trabalhistas devidos ao então ex-colaborador. Esses são FGTS, férias proporcionais, bancos de horas etc.

3. A orientação profissional

Aqui é que os profissionais de outplacement atuam diretamente com o ex-funcionário. 

O programa envolve uma série de análises e workshops para ajudar o interessado a aprimorar o seu currículo, calibrar a sua visão de mercado e apontar para as oportunidades certas (alinhadas aos seus objetivos).

Aqui os seguintes requisitos são avaliados (mas não se limita apenas a isso):

  • preparação e divulgação de currículo;
  • criação de network no mercado;
  • análise de perfil;
  • treinamento de negociação;
  • workshops de autoconhecimento;
  • adaptar a visão profissional para as realidades possíveis etc.

É comum envolver profissionais como psicólogos nesse momento, já que seus insights podem ser decisivos para fazer desse um momento uma experiência bastante proveitosa para o ex-funcionário.

Também é comum que, ao se deparar com a realidade do mercado que antes desejava, esse indivíduo desista de ser realocado e prefira empreender. Nesses casos, a empresa também pode oferecer algum tipo de assistência.

Diferença entre outplacement individual e coletivo

Até esse momento, neste texto, estávamos falando sobre casos de outplacement individual, no qual somente um ex-funcionário recebe o benefício por vez.

Essa alternativa é um pouco mais comum em relação à solução da qual falaremos a seguir: o outplacement coletivo.

Como você já deve imaginar, o outplacement coletivo envolve demissões em massa ou cortes de custo, ou seja, várias pessoas participarão do acompanhamento.

A grande quantidade de colaboradores torna o processo um pouco mais complexo, comprometendo a qualidade da atividade.

Aqui é importante enfatizar a possibilidade de trocar experiências e também o companheirismo nessa etapa de mudança em suas vidas profissionais.

As ações desenvolvidas pela equipe de outplacement coletivo tendem a ser menos pessoais. Contudo, nos casos que citamos acima, seria um pesadelo logístico organizar sessões de aconselhamento individuais.

Dessa forma, alguns dos principais pontos trabalhados são: atualização de mercado, desenvolvimento de contatos em outras empresas e qualificação profissional.

O papel do RH no outplacement

O papel do RH no outplacement

Uma demissão mal conduzida pode ter impactos severos na saúde do funcionários

Sendo assim, realizar isso levianamente é a receita certa para processos judiciais e outros problemas.

É justamente aqui que entra a atuação do RH para ajudar a transformar o que antes poderia ser uma situação turbulenta em algo mais calmo e racional.

Mesmo que o processo de outplacement seja muitas vezes terceirizado, o setor de recursos humanos tem um papel fundamental no momento de planejar a demissão.

Por isso, realizar uma gestão com base em dados é tão importante para as empresas. Somente através de indicadores claros de desempenho é possível argumentar com clareza e transparência.

Sendo assim, a principal atuação do RH em uma empresa estará em planejar e comunicar a demissão.

Caso a sua empresa tenha a necessidade de criar um time de outplacement interno, talvez seja um indicativo que a taxa de turnover esteja em níveis não saudáveis. As razões disso precisam ser endereçadas o quanto antes.

Esperamos que tenha entendido como o programa de outplacement pode trazer inúmeros benefícios para a sua empresa e também como começar essa prática!

Para entender tudo sobre o processo de demissão de um colaborador, acesse o nosso conteúdo e aproveite para assinar nossa newsletter.

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